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Entrevista – Pedalar Sem Idade Portugal “tem o propósito de combater a solidão e o isolamento social de seniores e pessoas com mobilidade reduzida”

O movimento Pedalar Sem Idade Portugal  está presente em 43 países, tendo chegado a Lisboa em 2018 e, só no ano passado, contaram com 226 voluntários ativos, ou seja, que chegaram a fazer passeios, e 251 novos voluntários certificados.

Em entrevista à Green Savers, Leonor Pedro, Diretora-Executiva da Pedalar Sem Idade, explica que o movimento  “tem o propósito de combater a solidão e o isolamento social de seniores e pessoas com mobilidade reduzida e concretiza esta missão através de passeios regulares de “trishaw”, as nossas bicicletas adaptadas com sofás confortáveis”.

Para a responsável, o papel da população no incentivo à solidariedade e à sustentabilidade “é imprescindível”. Os movimentos sociais são feitos de pessoas, de cidadãos que participam, seja como voluntários, parceiros ou beneficiários, garantindo que o projeto evolui e se desenvolve. Por isso, o impacto das iniciativas regionais “depende diretamente da participação da comunidade, pois são as pessoas que lhes dão significado, força e continuidade”, sublinha.

– De acordo com dados da OCDE, Portugal é o 5º país mais envelhecido do mundo, com 23% da população acima dos 65 anos. Estima-se que, pelo menos 15% da população sénior em Portugal enfrente problemas de solidão extrema, mas acredita-se que o número real possa ser superior. Tanto o isolamento social como a solidão podem ter um efeito profundo no bem-estar mental e físico, especialmente das pessoas mais velhas, levando a uma série de resultados negativos para a saúde. De que forma é que a Pedalar Sem Idade combate este problema?

A Pedalar Sem Idade Portugal tem, exatamente, o propósito de combater a solidão e o isolamento social de seniores e pessoas com mobilidade reduzida e concretiza esta missão através de passeios regulares de “trishaw”, as nossas bicicletas adaptadas com sofás confortáveis. É uma solução que promove o envelhecimento ativo, o convívio, as relações e o sentido de pertença à vida na comunidade, essenciais para garantir a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida.

De facto, o nosso país está entre os mais envelhecidos do mundo, o que torna a solidão e o isolamento social não desejado dos seniores, mas também das pessoas com mobilidade reduzida, num dos maiores desafios sociais da atualidade. E é por, infelizmente, ainda ser uma questão invisível, que a Pedalar Sem Idade Portugal se revela uma solução importante.

– Do ponto de vista técnico, como é que classificam o “trishaw” dentro da matriz de mobilidade urbana?

O “trishaw”, como bicicleta elétrica, pertence ao grupo das bicicletas, trotinetes elétricas e outros meios de transporte sem emissões, promovendo a mobilidade ativa (ou suave), e integrando soluções sustentáveis com conforto e segurança.

– Quais são os principais impactos positivos do uso de “trishaws” em ambiente urbano?

De um modo muito direto, os “trishaws” promovem ambientes urbanos sustentáveis, inclusivos, menos congestionados, ou dependentes do transporte automóvel individual, e com uma melhor qualidade de vida. Isto porque, ao estarem associados à Pedalar Sem Idade Portugal, têm um impacto positivo nas cidades que vai muito além da mobilidade em si.

Possibilitam que seniores e pessoas com mobilidade reduzida voltem a sair de casa e a envolver-se na sociedade, promovem a proximidade das comunidades e representam o envelhecimento ativo, o convívio e a intergeracionalidade, o que são, sem dúvida, fatores benéficos para o bem-estar e para a saúde. Logo, as nossas bicicletas adaptadas juntam num só veículo soluções para um ambiente urbano mais sustentável, inclusivo e que promove uma melhor qualidade de vida.

– Quais os desafios à sua implementação em larga escala?

Para conduzir os nossos “trishaws”, é necessária uma formação prévia, que inclui as vertentes teórica e prática, de forma a garantir a segurança de condutores e passageiros. Assim sendo, implementar a circulação destes veículos em larga escala implica expandir, igualmente, a Pedalar Sem Idade Portugal, o que temos feito nos últimos anos, em simultâneo com a consolidação das operações nos locais onde já operamos.

Para além disto, há, evidentemente, outros desafios associados à expansão do movimento em larga escala. Os passeios são gratuitos para todos e quaisquer beneficiários, pelo que é necessário financiamento para cobrir os custos de desgaste, manutenção, seguros dos veículos e recursos humanos da associação. Depois, também a retenção de voluntários nem sempre é fácil, devido aos horários dos passeios, que estão maioritariamente sobrepostos ao horário de trabalho.

Ainda assim, acreditamos que, através da sensibilização para estes temas, e consequente aumento do foco e da atenção para este problema social, conseguiremos reunir mais apoio, de forma a consolidarmos e a expandirmos o projeto de um modo mais célere e sustentável.

– Em quantos países está presente a iniciativa e quando é que chegou a Portugal?

O movimento já está presente em 43 países, tendo chegado a Lisboa em 2018, com o nome Pedalar Sem Idade – Associação de Apoio à Terceira Idade. Rui Guedes de Quinhones, o fundador da associação em Portugal, estava à procura de uma solução sustentável para entregar refeições ao domicílio a seniores e pessoas com mobilidade reduzida que não conseguiam sair de casa, no âmbito de uma outra organização à qual pertencia.

Neste processo de pesquisa online, o Rui descobriu o movimento internacional Cycling Without Age, o nome original do projeto ao qual pertencemos. Ficou imediatamente conquistado, pois conhecia a realidade dos seniores em Portugal, e achou pertinente trazer esta ideia para o nosso país. Os passeios tiveram início em 2019, apenas em Lisboa, e foi em 2021 que a associação assumiu, após vários pedidos para adotar a atividade noutras localidades, a sua atuação a nível nacional, passando a denominar-se Pedalar Sem Idade Portugal, até aos dias de hoje.

– Com quantos voluntários contam e, ao todo, quantos passeios já se realizaram e por que cidades?

Só no ano passado, em 2024, contámos com 226 voluntários ativos, ou seja, que chegaram a fazer passeios, e 251 novos voluntários certificados. No mesmo ano, realizámos 2.756 passeios nas 12 regiões em que já estamos presentes, que são Almada, Cascais, Castelo Branco, Castro Verde, Coimbra, Guimarães, Lisboa, Mafra, Sintra, Torres Vedras, Vila Franca de Xira e Vila Real de Santo António. Pretendemos continuar a atrair mais voluntários e beneficiários, envolvendo cada vez mais as comunidades e, desta forma, realizando mais passeios.

– Qual o impacto dos projetos regionais nas comunidades e qual o papel da população no incentivo à solidariedade e à sustentabilidade?

Os projetos regionais têm a importância e a enorme vantagem de estarem adaptados ao contexto e às condições de cada localidade. O mesmo sucede no caso da Pedalar Sem Idade Portugal que, para cada região, à qual denominamos capítulo, conta com uma equipa local, geralmente voluntária, que partilha dos valores da rede nacional e internacional, contribuindo para a concretização da sua missão. Contudo, cada capítulo está ajustado à realidade da região, procurando satisfazer de um modo mais preciso as suas necessidades, o que acaba por ser, assim, mais benéfico para as comunidades.

Esta adaptação manifesta-se, principalmente, ao nível das operações, ou seja, no tipo de percursos estabelecidos, na tipologia de passageiros que aderem, no modelo de gestão dos passeios, ou até nos próprios horários que, combinados com cada beneficiário, podem ser fixos ou mais flexíveis. As características próprias do funcionamento de cada capítulo são definidas em conjunto com a comunidade, de acordo com as suas necessidades e cultura.

O papel da população no incentivo à solidariedade e à sustentabilidade é imprescindível. Os movimentos sociais são feitos de pessoas, de cidadãos que participam, seja como voluntários, parceiros ou beneficiários, garantindo que o projeto evolui e se desenvolve. Por isso, o impacto das iniciativas regionais depende diretamente da participação da comunidade, pois são as pessoas que lhes dão significado, força e continuidade.

A missão da Pedalar Sem Idade Portugal inclui, também, o fortalecimento das comunidades locais, apresentando uma solução para o problema específico da solidão e do isolamento social, mas procurando, no seu todo, contribuir para uma maior solidariedade intergeracional e para a sustentabilidade social das comunidades.

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