Com vinte voluntários ativos em Almada, o ‘Pedalar sem Idade’ leva os idosos a descobrir a cidade em trishaws elétricos, num passeio que desperta olhares e sorrisos por onde passa.
“Isto é lindo, eu gosto mesmo”, ouve-se por debaixo de uma árvore já com folhas amareladas, fruto da chegada do outono, no Parque da Paz. O passeio de trishaw (um veículo com três rodas e dois lugares sentados com vista privilegiada), chegou ao fim, mas o sorriso permanece. Esta experiência está a transformar a vida dos idosos do concelho de Almada, graças à implementação do projeto “Pedalar sem Idade”.
Nuno Barquinha é um dos voluntários que faz habitualmente os passeios de trishaw em diferentes pontos da cidade de Almada. Participante do projeto desde 2024, acredita que a iniciativa está a contribuir para alegrar a vida de muitos idosos, revelando ao ALMADENSE as rotas mais apreciadas: “O Parque da Paz acaba por ser o mais agradável, não há carros, é verde, tem água e animais”, começa por dizer. “Outro passeio muito apreciado é junto ao farol de Cacilhas, à beira do rio”, acrescenta.
Além disso, os veículos elétricos de três rodas do “Pedalar sem Idade” são também presença assídua em outras áreas emblemáticas da cidade, existindo itinerários que passam pela ciclovia da Avenida Aliança Povo MFA, bem como a passagem pelo elevador da Boca do Vento, em Almada Velha. Em tempos natalícios, os voluntários realizam também passeios para que os utentes vejam as ruas iluminadas com as luzes de Natal, que vão da Praça São João Batista a Cacilhas.
A iniciativa nasceu na Dinamarca em 2012 e entretanto deslocou-se ‘sob rodas’ até Portugal. O objetivo é combater a solidão dos idosos e de pessoas com mobilidade reduzida, ao mesmo tempo que se promove a mobilidade suave. Em Almada, o ‘Pedalar sem Idade’ é já presença assídua nas ruas desde 2023, fruto de um protocolo de colaboração entre o município e a associação.
Aqui, cerca de 20 voluntários, à boleia do próprio pedal, levam os idosos a sentir a brisa, a contemplar o verde das árvores e a acompanhar a mudança das estações em diferentes rotas e caminhos da cidade, atraindo olhares de peões e automobilistas por onde quer que passe.
Uma das principais caras do projeto “Pedalar sem Idade” em Almada é Débora Muzzi, responsável por trazer a iniciativa para Almada em 2023. Inicialmente ligada ao projeto em Lisboa, sempre nutriu uma enorme vontade de o transportar para território almadense.
“O impacto é enorme e visível”, assegura a voluntária. “Pessoas que estavam muito isoladas em lares e centros de dia vão à rua com mais frequência, fazem passeios em locais agradáveis e sentem o sol e o vento no rosto”, afirma ao ALMADENSE, salientando a importância da criação de uma ligação com os voluntários da iniciativa.
Neste momento, a iniciativa “Pedalar sem Idade” já é presença habitual nas freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal, Cacilhas e Laranjeiro e Feijó. Mas Débora Muzzi conta que o objetivo é alargar as rotas e chegar a mais zonas do concelho. “Estamos à procura de um patrocínio para comprar mais uma bicicleta para a zona da Trafaria e Costa da Caparica, onde existe um grande potencial de acolher pessoas com isolamento social e dificuldades de mobilidade”.
Em Almada, e sob o lema “No nosso trishaw cabe qualquer avó”, os passeios podem ser marcados através do site oficial da Câmara Municipal de Almada, onde qualquer pessoa se pode igualmente inscrever como voluntário.