EnvelheSER - O que pode significar

11 de Janeiro

A partir das 9H30

Cinema São Jorge - Lisboa

ESTREIA
NACIONAL

Estreia da Curta-Metragem premiada Cycling Without Age seguida de uma conversa com oradores convidados sobre os desafios do envelhecimento.

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A urgência de um compromisso contra a violência sobre idosos

Portugal é um país envelhecido — realidade que tende a intensificar-se nos próximos anos. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2050 cerca de 35% da população portuguesa terá mais de 65 anos. Este contexto exige uma transformação política, estrutural e, acima de tudo, cultural.

Os dados revelam um cenário preocupante, no que diz respeito ao modo como tratamos os mais velhos. Em 2023, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) prestou apoio a 1.671 pessoas idosas vítimas de violência, valor que representa uma média de quatro casos por dia. As agressões relatadas incluem, principalmente, violência psicológica, negligência, violência física e abuso financeiro.

A maioria dos agressores são familiares diretos: filhos, netos ou cônjuges. Para além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 80% dos casos de violência contra idosos não são reportados, o que torna a realidade mais alarmante. O medo, a dependência emocional ou financeira, a ausência de alternativas de apoio são fatores que contribuem para este silêncio.

Contudo, a violência contra os idosos não se limita ao contexto familiar. É, acima de tudo, um reflexo da nossa sociedade. Envelhecer não é, nem deve ser, sinónimo de irrelevância ou transparência. Até porque a exclusão é uma forma de perpetuar a violência — uma realidade que só pode ser combatida através de um compromisso coletivo entre o Estado, as instituições, as empresas, as famílias e a sociedade civil.

Por um lado, é fundamental reforçar os mecanismos de proteção às pessoas mais velhas. Precisamos de serviços sociais eficazes e de equipas multidisciplinares com capacidade para atuar com sensibilidade, proximidade e rapidez. As campanhas de prevenção devem ser contínuas, acessíveis e adaptadas a vários contextos, para que todos, incluindo as próprias vítimas, saibam reconhecer sinais de violência e exercer os seus direitos.

Nesta matéria, Portugal já tem muito boas respostas, tais como o programa Apoio 65 – Idosos em Segurança ou a Operação Censos Sénior, que alcançou 31 210 idosos em 2024. Ainda assim, faz falta aumentar a divulgação destas medidas, bem como reunir mais apoio do Estado, para garantir a melhoria contínua das mesmas.

Por outro lado, é imprescindível promover uma cultura de respeito e inclusão, o que implica repensar os espaços urbanos, garantindo que são inclusivos para todas as idades, e valorizar o contributo dos idosos na vida social, económica e cultural do país.

O envelhecimento não pode continuar a ser encarado como uma ameaça ou um fardo. A idade deve ser vivida com alegria, dignidade e segurança. As pessoas idosas de hoje foram, em muitos casos, as que construíram as bases sobre as quais assenta o presente, continuando a ter um papel fundamental no futuro, principalmente pelo seu profundo conhecimento e experiência. Ignorar o bem-estar destas pessoas é verdadeiramente injusto e ingrato – não o podemos aceitar.

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